sábado, 12 de novembro de 2011

Acompanhante de Luxo (Poesia)

Li de um famoso poeta o relato de suas andanças
em labirintos urbanos escassos das almas de crianças.
Citava o quanto era repleto de faces sérias de executivos, negociadores, ambulantes. Sentia o poeta a falta de carinho dos semáforos, dos cachorros, das pessoas mas em especial, das amantes.
Sim das amantes.

Após o fim de seu casamento, das discórdias da família,
distância das filhas e desamores constantes,
O Poeta queria amar.
Tentou as trilhas erradas, na selva de bares, prédios e das ruas delirantes
Das vias de metrópole para surdos e alucinantes
Até encontrar ruas de lixo e de luxo, repleta de amantes.

Nas ruas de lixo, amaria com preço barato.
Nas ruas de luxo pagaria precisaria pagar com a alma várias vezes por minuto de beijo ingrato.
Nas ruas de lixo, a imundice fazia desaparecer até o amor de gato por rato
Nas de luxo, as gatas eram mais caras que encomenda de serenata.
Mas sua obsessão por amor na selvageria urbana ainda era nata.

Não queria prazer de libido, de êxtase a olhos virados.
Pelo que escrevia, o poeta queria mãos dadas e beijo bocado.
Queria abraços, caricias e fatos como por de sol para romance enfeitado.
Queria pagar para as damas de luxo pelo minuto de ser amado.
Onde a prostituição viraria poesia, no instante em que a dama estivesse ao seu lado.

Queria o poeta usufruir do amor que ele tinha
Pagar para expor o melhor dos sentimentos que de dentro dele vinha
Sem sexo, aparentemente sem nexo, mas completamente em anexo
Com a língua, pele, abraço, toque ao rosto, caricia e cena de cinema
Todo o doce afeto possível a quem prestasse tal dilema.
Queria o poeta pagar para ter seu próprio amor a quem quisesse lucrar para amá-lo.

As Acompanhantes de luxo desconfiaram.
Não entendiam a oportunidade de ser amada sem serem empregadas como eram em suas jornadas.
O Amor do poeta transbordava, mas de graça, ninguém queria ou se sujeitava.
E antes de morrer encontrou uma que aceitou o beijo, o abraço
as mãos dadas e o romance como missão.

E esta sim, recebeu o verdadeiro Status a todas prestadas.
Acompanhante de Luxo que se permitiu a luxúria de amar poeta em beijos de jardim.
Em abraços de por do Sol sem fim. Em ondas pequenas juntando os pés na praia.
Em abraços para proteger a sua dama do vento e do vôo da minisaia.
E ficar até a morte do Poeta. Que partiu tendo o luxo de Acompanhante da sua ilusão eternizada com esse Status pelos prazeres e dádivas marcadas em seu coração.

Gui - 2011

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