quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

28 de Fevereiro

Procurava aquelas mãos
Tão estranhas e perfeitas
Eram estranhas simplesmente porque não as conhecia
E perfeitas tão bem feitas pelo bem que me fazia.

Lembro que suas mãos cismavam com borracha e canetinha
Emprestadas, bem cuidadas com carinho que eu não tinha.
Com meu ego de menino, nem ligava se as pegava.
Seu sorriso tão bem feito, bem por perto, compensava.

E depois de alguns anos certo dia a reencontrei
Quase nunca disfarçava lhe notando a cada dia.
Tão estranho definir o que um menino sentia.
Já tão cedo, já tão novo sem lá ter muita noção.
Se era amor ou fantasia que tremia o coração.

Tinha vezes que queria ter o dom de desenhar
Seus contornos, seus bons traços pra quem sabe te entregar
Mostrar quanto era feliz com meu gesto de gostar
Mas meu tímido olhar só seguia teu sorriso
Até a hora que esperava minha alma com tua aura encontrar.

Penso até que merecia ter sido bem reprovado
Por deixar aquela escola onde era apaixonado
Pela dama ainda menina que preenchia o meu dia
Que tem dia em seu nome e sempre me iluminava
Com os contornos de sua alma que meus olhos desenhava.

Descobri que tinha Nádia lá no fim de Fevereiro
E por tantos tantos dias desejava seu reencontro
E crescia em rumo inverso pra chegar a ser menino
Pensando em cada momento que teria seu destino
Quando, enfim, desenharia novamente suas auras em meu dia.
Em que Sol mandasse em raios teu calor de alegria.

Pois agora te encontrei nos jardins da tua família.
Ao nascer do Sol em dia lá no fim de Fevereiro
Sinto os raios de sua mão apagando minha tristeza diária
Com as mesmas borrachas que emprestava no tempo da escola primária
Sinto os raios de sua mão com a caneta emprestada lá dos tempos de aprendiz
Em retoques contornando minha alma bem mais leve e mais feliz

Te encontro no coração por aí a qualquer hora
Ou num tal de Fevereiro onde sei que você mora.
E mesmo que passaste tão rápido de série
Em pós graduação pra uma escola angelical.
Tiraste a minha alma com suas mãos de boa menina
De um escuro e longo dia, ano ou tempo espacial.

Te encontro nas lembranças de elegância e de bondade
Nas vontades de menino em matar a tal saudade
No carinho de sua mão escrevendo uma lição
Nos amores de Heloísa, de Angélica e de Dalma
Na paz vinda de sua doce calma,
Ou pairando pelo ar perfumado de amor com o aroma de sua alma.

Gui–Ago/2007
Amor Inusitado

Teu amor não é mais platônico
Nem me faz ficar estático, parado e catatônico
Já passou as dimensões de algo fantasioso
Nem tão pouco é surreal muito mesmo caprichoso.

É algo de telepata, tão intenso, sensitivo.
Mesmo que me faça olhar mundo imaginativo.
Já tentei investigar plano espiritual
Pra ter beijo, coração, ou um abraço em espiral.

Hora paro, hora procuro deduzir de onde vem.
Sentimento inexplicado que nenhum ser vivo tem
Amor doce e cultivado que minha vida fez refém
Gosto leve e apaixonado tão sutil que me faz bem.

Seu amor é um tratado pra encontrar o infinito.
É um legado que carrego em meu poema mais bonito.
É uma carta assinada que liberta minha loucura.
Que me volta pra ter alma de menino com ternura.

Não contei encarnação, terapia ou regressão.
Outra vida, ou até sonho, plano astral e alucinação.
Não sei se existe dívida, ou se vou ter premiação.
Mas me compro a qualquer preço para achar seu coração.

Decifro o que foste, quem és e o que poderá ser.
Perdôo até os mil erros que, se quer, vim a saber
Tento achar qualquer atalho pra poder te receber
Por estrada, ponte aérea, nuvem, mar ou na luz de algum divino ser.

Amor que não sei do começo, e sei que não terá fim
Mesmo que esse tal amor não caminhe para mim
Ou que a vida e preconceitos digam não sobre o meu sim
Mas transformará meus desertos criando o seu mais belo jardim

Amor que eu condecoro sendo a fada do meu conto
Com a alma te sinto em músicas de letras sem ponto
Amor que eu tanto cuido bem preservo e até me apronto
Pra qualquer ocaisão e dimensão em doce encontro.

Gui/2009

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Para as mulheres zodiacais. Se conselho fosse bom.....

Se conselho fosse bom....

Se conselho fosse bom eu diria as Arianas:
Parem de tanto gritar e se masculinizar
De apontar o dedo em brigas pelas iras de amar
E procurem ser guerreiras, mesmo que em sutileza
Sem perder suas verdades em sua face de franqueza

E diria as taurinas prepararem o paladar
Para dar melhores beijos que sempre vamos sonhar.
Caprichar em algum bom prato à quem queira conquistar
Decifrar nossos sentidos em abraço tão querido.
Que nem todo o dinheiro pagaria o prazer de sua voz em nosso ouvido.

Diria às geminianas tão queridas tão hermanas:
Escrevam aqui comigo todas as tagarelices
Suas escritas, suas noticias, suas palavras e crendices
E postem em algum correio malicioso e elegante
Suas histórias inventadas que despertam risada contagiante.

Diria às cancerianas: ponha ordem aí na casa
E brinquem igual criança que flutua até sem asa
Como anjo bem materno cuidadora de algum homem
Ou de filhos tão educados que ao mundo vão e somem
Tenham sempre o bom humor mesmo em risonha Lua nos dias que nos consomem.

Já às leoninas eu diria: Soltem bem os seus cabelos
Como um Sol que nasce egocêntrico, soltem pra que eu possa vê-los
Façam deles seu elenco de uma peça de teatro.
Chamem toda atenção em pleno direito e fato
E dêem os seus corações e as faces tão risonhas mesmo em algum porta retrato.

E às comparsas virginianas eu diria pra esquecer
Os detalhes de Roberto em canção que faz sofrer.
Sejam as médicas que curam os amores de um qualquer.
Mesmo sofrendo em não ter, ao meu lado, uma se quer nativa e trabalhadora rara e perfeita mulher.

E diria às librianas: Tenham a ponderação!
E não deixe que ela faça se perderem em indecisão.
Ou em qualquer casamento onde diga sim ou não
Em um quadro bem pintado de uma noiva na paisagem
ou em esposa tão perfeita que parece até miragem

E para as escorpianas eu diria: Vão! Seduzam!
Ou em sexo afrodisíaco peço que nos abduzam
Sejam nossas psicólogas em espíritos presentes
Ressuscitem, insistente homens donos de más sortes
Em espírito presente, amem e os livrem de suas mortes.

E às sagitarinas, digo aqui, até em francês: Voyage.
Vague viajante sempre por aí em qualquer cidade.
Porém, lembre que daqui, estaremos em saudade
Das suas pernas que tão belas e andantes bem invade
As ruas de todo homem com seu excesso de beleza presente em qualquer idade.

Diria às Capricornianas que não percam a juventude
Com o trabalho ou a face séria, mesmo com tanta virtude.
Pediria para elas deixarem o relógio e o tempo
Mas somarem ao nosso lado, cada um dos seus momentos
Toda vez que decifrarmos cada qual, seus sentimentos.

À todas aquarianas eu diria: Voltem aqui !
Saiam aí desse futuro que as tornam indecente
Desse mundo cyber longe que tiram seus sentimentos
Mesmo que nos tragam amigos de tribos, de pensamentos
ou amor tão colorido, típico de seus inventos.

E diria às piscianas: Parem de tanto chorar!
E em doces poesias bem viver sem se culpar.
Pediria para elas deixarem a solidão
Ou seus oceanos platônicos de sonho ou alucinação
E abrigar algum poeta pra sempre em seu coração.


Gui/2009

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Pacto de Amigos

Pacto de Amigos


Os amigos são felizes por que olham com a alma
Seguem, apoiam e se doam com altruismo e toda calma
Nem tão julgam impressão e acreditam no destino
Soam assim então sua voz como música em flauta
E o amigo sabe ouvir como quem ouve uma pauta
Eles olham e acreditam nos amigos de verdade
Como quem ouve uma música que o faz matar saudade
Amizade é sim sutil, sonora só de música a fora
Não é não nenhum ruído ou boato resolvido
É a voz de uma canção que dispara um coração
É singela e confia sem se quer abrir os olhos
Calorosa até no frio em amiga que sumiu
Em neblinas noturnas ao meio dia dentro de algum coração que partiu
É um pacto sem sexo, sem rumo, com destino
É um amor sem pátria e sem hino
Fixa bandeira com um emblema de confiança
E seduz qualquer amigo em fração de uma lembrança
Cisma sempre com o amigo
E faz dele um roteiro
Faz de tudo um filme inteiro
Onde o amigo e seja qual
Se torna em sua vida um ator principal
Uma voz de um palco magistral
Canta sua vida pois você se tornou letra da música de uma amiga
A mesma que você torceu e até mesmo que fez figa
Mas que ás vezes vou chorar por feliz em confiar
E sentir a confiança de quem soube sublimar
E dizer que é possivel se amar como amigo
Sem achar que é consolo e se quer também castigo
Fecho então aqui tratado
A quem mesmo queira ouvir
Que ouvirei cada amizade como a música da vida
Escrever as amizades em história assim seguida
Como os passos da menina numa praia a Sol se pôr
E vou ler o olhar de amigos como carta de amor
E guardar lá nas caixas resvestidas por um laço
O tratado ou os pactos sem cor, sexo, idiomas
E em cada passo
Achar amizade que aceite reviver um abraço.

Gui/Jan2003

Porto Alegre - Fevereiro - 2009

Porto Alegre faz chamado e nem sei tão bem porque
Se é Prenda, se é guria, Cidade Baixa ou Redenção.
Se é o Salgado, se é a Rosário,
Se é Azenha ou Chimarrão

Digo a ti, e bem assim, tri afim de te ver, Poa!
Não sei qual é teu motivo, mas só sei que não é a toa.
Faz chamado pra escutar gurias falando “amado”.
Mas nem sei bem o motivo porque quero tê-la ao lado.

Porto tão feliz e Alegre eu nem ouso duvidar
Do por que preciso ver qual a causa pra te achar
Seguir paralelo trinta ou com a cuia matear.
Ver Guaíba guardar Sol nas tuas águas por raiar.

Bela Poa, bem me chamas, traz algum traço e destino
Como façanhas de exemplo à Terra, como diz Rio Grande em teu hino
Me chama pra ti, ou a tu abraçar, sem saber se é depois ou antes.
Ou talvez pra seguir Fevereiro e a Nossa senhora de teus navegantes.

Mas Bah, Porto Alegre, nem sei por que a amo.
Mesmo que tenhas vermelho no azul que tanto aclamo.
Talvez seja eu, que tanto te chamo
Ou seus filhos tão pampas de riso e calor humano.

Porto Alegre tu me chamas e te sigo bem perdido
Pra destino desrumado e traçado indefinido
Talvez seja o minuano que assopra em meu ouvido
Teus segredos bem guardados em curvas de Prenda que tenha seguido

Tu esquenta noite fria com Kleiton e Kledir rimando alegria.
Chora com Calcanhoto e enaltece Pimentinha sem fantasia
Desenha Menino Deus na Cor de Som Azul dourado e Anas com Engenheiros de voz
Também moldando Camilas, sobre o tempo, ao redor de Nenhum de Nós.

Porto Alegre me despeço e em saudade, assim, te peço:
Quero os sopros do Guaíba, na memória da minha vida
Volto sempre, e quanto antes, pra seguir à Navegantes
Ou estrela que ascendas nas noites ou dias o brilho dos olhos das tuas Prendas e Gurias.

Gui/Fev-2008

As mulheres e os poetas

Ah esses poetas...!
Mas que seres estranhos com almas de profetas !
Que em tortas curvas e fáceis retas
Se perdem em tontos, tórridos e surdos mundos
Conhecendo e respirando fantasia e ilusão
Na impressão de viver a primeira encarnação
Mundo tão estranho pra tantos estranhos
Mas que coisa !
Melhor dizendo : mas que mundo mais profundo
Que parece não ter retas
Muito menos ser pra poetas
Poetas que trocam mulheres por poemas
Que fazem das mulheres seus lemas
E elas que parecem ter almas demais de pequenas
Parecendo que também não são feitas pra poetas
E eles que tanto escrevem com jeito de menino
Nem sempre merecem o mundo feminino
De sedução, olhar e gesto
E aí se perdem como qualquer resto
Resto de uma palavra qualquer que não consegue dizer
Nem escrever em poema ou aprender sobre mundos de mulher
De corpo, de alma ou jeito qualquer.
Nem toda mulher merece um poeta
Mas todo poeta merece uma mulher
Mesmo que nada combine
Mas por tudo que nelas fascine.
Assim poderão ler
Escrever, chorar e por elas sofrer
Teimar em ter, mas não possuir
Mesmo podendo ver e até podendo falar e tocar
Poetas teimam em silenciar
Guardam mundos de mulheres em gavetas e brincam de chorar
Escrevem por elas e param de cantar
E se um dia dominam seus sentimentos
Qualquer mulher pedirá pra se transformar
Em simples folha de papel com poesia tema e lugar
E por todo e qualquer poeta se deixar viver e amar


Gui/2000

A proporção do infinito

Todo círculo é vicioso e todo vício é circular
Num circulo o ponto de partida é o mesmo ponto de chegada
Num vício você não sabe onde começou e aonde vai terminar.
E vícios como círculos são perfeitos.
Ser curvas, cantos, retas, sem lugar para se esconder.
Na sua perfeição o círculo é eterno
Uma ida sem volta
Uma entrada de cabeça
Um pecado contra a razão.
Só os vícios são autênticos, só os vícios são verdadeiros.
A mentira é quadrada limitada tem começo meio e fim
A verdade é sempre circular e ao mesmo tempo simples e incompreensível
Assim como uma bola, um feto que se fecha
E o ciclo da natureza vive seu vício
De ser e voltar a ser
Dizendo sempre ao sim e não ao nunca
E assim na natureza como na vida nada se cria e tudo se transforma
Ar vira água,
Água vira terra
Terra vira madeira
Madeira vira fogo
Fogo vira ar
Jeito faz menina
Que vira anjo e depois diabo
Que dizem que usa saias e depois vira mulher
E assim por diante
Virando o avesso do avesso do avesso
E Vício e Versa.


Gui e Vevê - 1994