terça-feira, 10 de agosto de 2010

Pacto de Amigos

Pacto de Amigos


Os amigos são felizes por que olham com a alma
Seguem, apoiam e se doam com altruismo e toda calma
Nem tão julgam impressão e acreditam no destino
Soam assim então sua voz como música em flauta
E o amigo sabe ouvir como quem ouve uma pauta
Eles olham e acreditam nos amigos de verdade
Como quem ouve uma música que o faz matar saudade
Amizade é sim sutil, sonora só de música a fora
Não é não nenhum ruído ou boato resolvido
É a voz de uma canção que dispara um coração
É singela e confia sem se quer abrir os olhos
Calorosa até no frio em amiga que sumiu
Em neblinas noturnas ao meio dia dentro de algum coração que partiu
É um pacto sem sexo, sem rumo, com destino
É um amor sem pátria e sem hino
Fixa bandeira com um emblema de confiança
E seduz qualquer amigo em fração de uma lembrança
Cisma sempre com o amigo
E faz dele um roteiro
Faz de tudo um filme inteiro
Onde o amigo e seja qual
Se torna em sua vida um ator principal
Uma voz de um palco magistral
Canta sua vida pois você se tornou letra da música de uma amiga
A mesma que você torceu e até mesmo que fez figa
Mas que ás vezes vou chorar por feliz em confiar
E sentir a confiança de quem soube sublimar
E dizer que é possivel se amar como amigo
Sem achar que é consolo e se quer também castigo
Fecho então aqui tratado
A quem mesmo queira ouvir
Que ouvirei cada amizade como a música da vida
Escrever as amizades em história assim seguida
Como os passos da menina numa praia a Sol se pôr
E vou ler o olhar de amigos como carta de amor
E guardar lá nas caixas resvestidas por um laço
O tratado ou os pactos sem cor, sexo, idiomas
E em cada passo
Achar amizade que aceite reviver um abraço.

Gui/Jan2003

Porto Alegre - Fevereiro - 2009

Porto Alegre faz chamado e nem sei tão bem porque
Se é Prenda, se é guria, Cidade Baixa ou Redenção.
Se é o Salgado, se é a Rosário,
Se é Azenha ou Chimarrão

Digo a ti, e bem assim, tri afim de te ver, Poa!
Não sei qual é teu motivo, mas só sei que não é a toa.
Faz chamado pra escutar gurias falando “amado”.
Mas nem sei bem o motivo porque quero tê-la ao lado.

Porto tão feliz e Alegre eu nem ouso duvidar
Do por que preciso ver qual a causa pra te achar
Seguir paralelo trinta ou com a cuia matear.
Ver Guaíba guardar Sol nas tuas águas por raiar.

Bela Poa, bem me chamas, traz algum traço e destino
Como façanhas de exemplo à Terra, como diz Rio Grande em teu hino
Me chama pra ti, ou a tu abraçar, sem saber se é depois ou antes.
Ou talvez pra seguir Fevereiro e a Nossa senhora de teus navegantes.

Mas Bah, Porto Alegre, nem sei por que a amo.
Mesmo que tenhas vermelho no azul que tanto aclamo.
Talvez seja eu, que tanto te chamo
Ou seus filhos tão pampas de riso e calor humano.

Porto Alegre tu me chamas e te sigo bem perdido
Pra destino desrumado e traçado indefinido
Talvez seja o minuano que assopra em meu ouvido
Teus segredos bem guardados em curvas de Prenda que tenha seguido

Tu esquenta noite fria com Kleiton e Kledir rimando alegria.
Chora com Calcanhoto e enaltece Pimentinha sem fantasia
Desenha Menino Deus na Cor de Som Azul dourado e Anas com Engenheiros de voz
Também moldando Camilas, sobre o tempo, ao redor de Nenhum de Nós.

Porto Alegre me despeço e em saudade, assim, te peço:
Quero os sopros do Guaíba, na memória da minha vida
Volto sempre, e quanto antes, pra seguir à Navegantes
Ou estrela que ascendas nas noites ou dias o brilho dos olhos das tuas Prendas e Gurias.

Gui/Fev-2008

As mulheres e os poetas

Ah esses poetas...!
Mas que seres estranhos com almas de profetas !
Que em tortas curvas e fáceis retas
Se perdem em tontos, tórridos e surdos mundos
Conhecendo e respirando fantasia e ilusão
Na impressão de viver a primeira encarnação
Mundo tão estranho pra tantos estranhos
Mas que coisa !
Melhor dizendo : mas que mundo mais profundo
Que parece não ter retas
Muito menos ser pra poetas
Poetas que trocam mulheres por poemas
Que fazem das mulheres seus lemas
E elas que parecem ter almas demais de pequenas
Parecendo que também não são feitas pra poetas
E eles que tanto escrevem com jeito de menino
Nem sempre merecem o mundo feminino
De sedução, olhar e gesto
E aí se perdem como qualquer resto
Resto de uma palavra qualquer que não consegue dizer
Nem escrever em poema ou aprender sobre mundos de mulher
De corpo, de alma ou jeito qualquer.
Nem toda mulher merece um poeta
Mas todo poeta merece uma mulher
Mesmo que nada combine
Mas por tudo que nelas fascine.
Assim poderão ler
Escrever, chorar e por elas sofrer
Teimar em ter, mas não possuir
Mesmo podendo ver e até podendo falar e tocar
Poetas teimam em silenciar
Guardam mundos de mulheres em gavetas e brincam de chorar
Escrevem por elas e param de cantar
E se um dia dominam seus sentimentos
Qualquer mulher pedirá pra se transformar
Em simples folha de papel com poesia tema e lugar
E por todo e qualquer poeta se deixar viver e amar


Gui/2000

A proporção do infinito

Todo círculo é vicioso e todo vício é circular
Num circulo o ponto de partida é o mesmo ponto de chegada
Num vício você não sabe onde começou e aonde vai terminar.
E vícios como círculos são perfeitos.
Ser curvas, cantos, retas, sem lugar para se esconder.
Na sua perfeição o círculo é eterno
Uma ida sem volta
Uma entrada de cabeça
Um pecado contra a razão.
Só os vícios são autênticos, só os vícios são verdadeiros.
A mentira é quadrada limitada tem começo meio e fim
A verdade é sempre circular e ao mesmo tempo simples e incompreensível
Assim como uma bola, um feto que se fecha
E o ciclo da natureza vive seu vício
De ser e voltar a ser
Dizendo sempre ao sim e não ao nunca
E assim na natureza como na vida nada se cria e tudo se transforma
Ar vira água,
Água vira terra
Terra vira madeira
Madeira vira fogo
Fogo vira ar
Jeito faz menina
Que vira anjo e depois diabo
Que dizem que usa saias e depois vira mulher
E assim por diante
Virando o avesso do avesso do avesso
E Vício e Versa.


Gui e Vevê - 1994